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“O Teu Cabelo Não Nega Mulata”... E Nem o seu Preconceito

“O Teu Cabelo Não Nega Mulata”... E Nem o seu Preconceito

“Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos junto como irmãos.”

Martin Luther King

A marchinha de carnaval “O Teu Cabelo Não Nega”, música da década de 30, foi um das mais cantadas nesse início de século. Se pararmos alguns instantes e prestarmos a atenção, ainda na contemporaneidade é possível ouvi-la nas ruas e vielas no carnaval, seja nos “trios elétricos” e nos bailes de carnavais, conhecidos também como “velhos carnavais”.

Quase cem anos passados da criação e divulgação da marchinha, o racismo, o preconceito no carnaval ainda se manifesta e se faz presente nas suas diferentes “fantasias e máscaras”, sejam por sátiras, vestis, músicas e imagens que revigoram, revivem e reproduzem os antigos (atuais) preconceitos como cantados e recantados, pelos setes cantos, na famosa marchinha. Neste texto iremos dialogar com alguns versos da canção de Larmantine Babo e dos Irmãos Valença.

E começamos a música... “Mas como a cor não pega, mulata, Mulata eu quero o teu amor”, a cor é alvo da marchinha e retrata o alívio do homem, por saber que o “mal da cor” da mulher negra não se pega, por isso ela pode ser desejada, “comida”. Vamos continuar sambando... “Tens um sabor bem do Brasil; Tens a alma cor de anil”, trocando em miúdos, essa alma é de cor clara, um azul que faz recordar a cor branca. Apesar da sua cor negra, sua alma encontrasse “pura” na cor de anil.

Trocando os passos, mas não as ideias... “Mulata, mulatinha, meu amor, Fui nomeado teu tenente interventor” a mulher negra se encontra a serviço do homem branco, satisfazendo todos os seus desejos. Podemos tramitar na história e fazer uma comparação com a época da escravidão, do Senhor e “suas escravas”. Esse era o ritmo que em a sociedade vivia no inicio do século passado e, quiçá, ainda vive.

Os nossos compositores caminham com as pernas da sociedade brasileira, a população aplaude o preconceito e sorrir da miséria. Os discursos das nossas escolas reproduzem falas de uma história mal contada e, quando contada, os protagonistas não os brasileiros. Os verdadeiros brasileiros são acorrentados pelos educadores em um canto, se tornando fujões em mata curta e escura (As capoeiras), misturam-se com os que andam nus e não possuem se quer uma cultura.

O resultado dessa falta de Brasil é uma verdadeira homogeneização de identidade. A pergunta que percorre cada geração de brasileiro: Quem somos nós? Nós só seremos “nós” quando começarmos a perceber que Reis e Rainhas das mais diferentes etnias criaram em seu seio, o Brasil.

Biba Renata (BR)

 
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